Potiguar apontado como nº 2 do PCC é jurado de morte por Marcola

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Valdeci Alves dos Santos, conhecido como ‘Colorido’, foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em abril de 2022. Foto:Reprodução/PRF

Por David Medeiros

Um membro influente do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi jurado de morte por Marcola, líder da facção, após uma disputa interna. Se trata do potiguar, Valdeci Alves dos Santos, conhecido como ‘Colorido’, de 51 anos, que chegou a ser  apontado como o “número 2” do comando geral da facção criminosa Primeiro Comando da Capital(PCC). “Colorido”, teria desviado recursos da organização e foi alvo da decisão do chefe criminoso.

A informação foi confirmada pela reportagem do Potiguar News pelo promotor de Justiça, Lincoln Gakiya, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo.

Segundo o promotor, “Colorido”, que já ocupou posição de destaque no PCC, é mais um alvo da guerra interna na facção. Ele teria utilizado dinheiro do tráfico de drogas para comprar fazendas, imóveis e até igrejas evangélicas.

O promotor acrescenta que Valdeci foi transferido para uma ala segura da Penitenciária Federal de Brasília para evitar um possível assassinato. A guerra interna no PCC já levou à contestação da liderança de Marcola por antigos aliados, como Tiriça, Abel Vida Loka e Andinho.

Segundo investigações, Colorido, natural de Jardim de Piranhas,  no Rio Grande do Norte, entrou em contato com o PCC quando estava preso por tráfico de drogas e homicídio. Ele teria ascendido à posição de número dois na facção e foi preso em 2022 no Estado de Pernambuco, após mais de sete anos foragido da Justiça.

QUEM É ‘COLORIDO’

Atualmente cumprido pena na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Brasília, onde ele está detido desde abril de 2022, depois de ser preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em uma estrada em Salgueiro, Pernambuco.

Além de ‘Colorido’, outros integrantes da alta cúpula da facção paulista estão presos na Penitenciária Federal de Brasília, como o chefe máximo ‘Marcola’ e Gilberto Aparecido dos Santos, o ‘Fuminho’, homem de confiança de Marcos Herbas Camacho e articulador dos assassinatos de ‘Gegê’ e ‘Paca’, crimes pelos quais ele está detido.

‘Colorido’ era procurado pela Polícia Federal (PF) desde agosto de 2014, quando foi beneficiado por uma saída temporária do sistema penitenciário e não retornou. As investigações policiais apontavam que o líder da facção passou um tempo escondido na Bolívia, de onde coordenava o tráfico internacional de drogas.

‘Colorido’ assumiu a posição de “número 2” da facção paulista, junto com Marcos Roberto de Almeida, o ‘Tuta’, de 52 anos, após a morte de ‘Gegê do Mangue’, que exercia a função.

‘Colorido’ e ‘Tuta’ passaram a ditar as ordens gerais da facção nas ruas em 2018 e, na cadeia hierárquica da organização criminosa, estão abaixo apenas de Marcos Willians Herbas Camacho, o ‘Marcola’.

O Ministério da Justiça descreveu ‘Colorido’, enquanto ele estava foragido, como “integrante da cúpula de organização criminosa paulista, e considerado um dos principais fornecedores de drogas para os estados da região Sudeste”. Conforme o Órgão, ele tinha atuação também no Nordeste e em países da América do Sul e era acusado pelos crimes de tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

INVESTIGAÇÕES

Conforme as investigações do Ministério Público do Rio Grande do Norte, ‘Colorido’ tinha como “braço direito” no esquema de lavagem de dinheiro o irmão, Geraldo dos Santos Filho, conhecido como Pastor Júnior – que foi preso em Sorocaba no interior de São Paulo, por uso de documento falso e condenado por tráfico de drogas, mas cumpria a pena em regime semiaberto, antes da Operação Plata.

A prisão do Pastor, ganhou repercussão nacional na época.

OPERAÇÃO PLATA

Em 2023, a Operação Plata desarticulou um braço da facção paulista, ligado a ‘Colorido’ e suspeito de realizar a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A quadrilha teria “lavado” pelo menos R$ 23 milhões, com a compra de imóveis, fazendas, rebanhos bovinos e até com o uso de igrejas evangélicas.

A investigação é originária do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), onde estão instaladas 7 igrejas evangélicas que teriam sido utilizadas no esquema criminoso. Uma oitava igreja investigada fica em São Paulo.

Gegê do Mangue e Paca – Foto/Reprodução

MORTE DE ‘GEGÊ’ E ‘PACA’ NO CEARÁ

Rogério Jeremias de Simone , o ‘Gegê do Mangue’ e Fabiano Alves de Souza, o ‘Paca’ foram mortos a tiros de fuzis, em uma reserva indígena em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

As investigações policiais apontaram que ‘Gegê do Mangue’ e ‘Paca’ foram surpreendidos e executados por membros da própria facção criminosa, após um voo de helicóptero. O crime teria sido ordenado pelo alto comando da facção, que desconfiava que a dupla estaria desviando dinheiro do tráfico de drogas, para luxar no Ceará.

Passados 6 anos das mortes, o processo principal acerca do duplo homicídio se aproxima de oito mil páginas. Dez pessoas são acusadas pelo crime. Uma delas, o piloto Felipe Ramos Morais está solto; outros réus estão presos em unidades de Segurança Máxima; e alguns acusados seguem foragidos.


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