Foto/Wikipedia
Há exatos 140 anos, em 24 de abril de 1885, morria Nísia Floresta Brasileira Augusta, em Rouen, na França.
A viajante que deu nome à atual cidade de Nísia Floresta, a cerca de 50 quilômetros de Natal, esteve na Europa em três temporadas (de 1849 a 1852, de 1856 a 1872 e de 1875 a 1885).
Assim como sugere sua biógrafa, Constância Lima Duarte, é possível que seus relatos sejam um dos poucos textos nacionais escritos “por uma viajante brasileira num momento em que residia fora do país e escrito em língua estrangeira”.
Naquele século XIX, a tendência era viajar por países “exóticos” como o Brasil, mas Nísia fez o caminho inverso e foi para a Europa, pela primeira vez, em 1849, quando visitou Portugal, Itália, França, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Grécia.
“Ela saiu do Brasil, mas carregou com ela o espírito nacional. Era uma coisa da brasilidade romântica, uma nacionalidade típica do Romantismo [estilo literário que surgiu na Alemanha e valorizava o sentimentalismo e o nacionalismo]”, explica Constância.
Depois de perder a mãe, um ano antes, Nísia Floresta fez uma espécie de viagem de cura para se distrair com as novidades das paisagens europeias, entre agosto e setembro de 1856, quando visitou não só a Alemanha, mas também a Bélgica e o interior da França.
Sobre a experiência, Nísia publicou, originalmente, em francês, o livro Itinerário de uma viagem à Alemanha (Editora Mulheres). Foi naquela mesma viagem que a brasileira também se inspirou para escrever Três anos na Itália seguidos de uma viagem à Grécia (editora IFRN).
“Nísia fazia pesquisas antes de viajar. Ela era uma estudiosa e não uma viajante ingênua. Nas viagens à Alemanha, por exemplo, não só descrevia uma praça, mas contava o que havia acontecido ali, um século antes”, lembra sua biógrafa.
“De paisagem em paisagem, de ruínas em ruínas e de cidade em cidade”, Nísia seguiria na Europa por mais 16 anos, antes de voltar para o Brasil, viva, pela última vez.
Sua derradeira temporada europeia foi de 1875 a 1885, quando morreu de pneumonia, na francesa Rouen. Porém, seus restos mortais só vieram para o Brasil, quase 70 anos depois, em 1954, cuja trasladação fora autorizada por um decreto de lei, no ano anterior.
Após sua morte por pneumonia, seu corpo só veio para o Brasil, em 1954, cuja trasladação fora autorizada por um decreto de lei, no ano anterior. Porém, Nísia sequer coube no próprio mausoléu erguido, no município de Papari, que desde 1948 se chama Nísia Floresta, em homenagem à filha ilustre.

Como lembra Duarte, no lugar de uma esperada urna funerária, a viajante embalsamada desembarcou em “um ataúde muito maior do que o espaço previsto no mausoléu”, obrigando a construção às pressas de um novo lugar.
“Nísia não abandonou a pátria, como disseram muitos críticos, ela levou o Brasil junto com ela”, analisa a biógrafa.
Enquanto mulheres eram educadas a base de agulha, corte e costura, Nísia ensinava moças no Rio de Janeiro e escrevia sobre direitos femininos.
Nascida Dionísia Gonçalves Pinto, no dia 12 de outubro de 1810, a potiguar publicou, aos 22 anos, seu primeiro livro Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, um compêndio de outras obras que tratavam desse assunto ainda tão raro no Brasil.
A potiguar, que Rachel de Queiroz, décadas mais tarde, chamaria de “uma das mulheres mais importantes da pré-história do feminismo brasileiro”, é conhecida também pelo clássico Opúsculo Humanitário.
Terra
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