Foto/Reprodução
Uma empresa contratada sem licitação e com contratos suspensos por ordem da Justiça continua operando como se mandasse na Secretaria Municipal de Saúde de Natal. A Justiz Terceirização, cujo nome já apareceu em diversas denúncias de irregularidades em contratações públicas, tem ignorado decisões judiciais, distorcido publicamente os fatos e pressionado médicos e gestores para garantir seus próprios interesses.
Em mensagens de WhatsApp obtidas pela reportagem, a sócia da empresa, Brenda Justiz, comemora a suposta liberação de seus contratos com a Prefeitura — apesar de uma decisão judicial clara que determinou a imediata suspensão desses vínculos, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. “Estamos com contrato ativo e valendo!”, escreveu ela em um grupo de profissionais da área, desinformando os participantes.

Enquanto isso, médicos seguem sem receber salários desde março, segundo relatos feitos por dois profissionais que pediram anonimato por medo de retaliação. Ambos relataram que Brenda tem repetido, em conversas diretas e indiretas, que os pagamentos só serão feitos quando a Justiz for oficialmente contratada. A estratégia, segundo os médicos, é provocar o caos para forçar a efetivação dos contratos. “Ela diz que é ela quem paga, que só vai liberar quando tudo estiver nas mãos da Justiz”, declarou um deles. “A gente já chama ela de a patroa dos médicos”, ironiza o outro.
A movimentação se intensificou após nova decisão judicial em outro processo, usado pela empresária para fazer crer que os contratos estariam liberados. Mas a decisão em questão não trata da liberação dos vínculos, nem revoga a suspensão já em vigor. Ao contrário, a medida liminar segue válida e proíbe a atuação da empresa no âmbito da Saúde municipal.
Poder paralelo na saúde pública
O caso revela um nível alarmante de influência. Mesmo sem contrato válido, a empresária continua circulando entre médicos, infiltrada nos bastidores das unidades de saúde e em diálogo direto com setores da própria Prefeitura, como mostram evidências em poder da reportagem. A atuação da Justiz já havia sido contestada anteriormente pelo Ministério Público, que apontou fortes indícios de irregularidades no processo de contratação.
Agora, em vez de aguardar o desfecho judicial, a empresa pressiona, ameaça e mobiliza médicos como peças de barganha, com o claro objetivo de assegurar o controle sobre contratos milionários com o município. É a precarização sendo usada como instrumento de chantagem institucional.
Apelo à sociedade e ao Ministério Público
O caso Justiz não é apenas um problema contratual — é um alerta urgente sobre o domínio empresarial dentro da máquina pública. A insistência em assumir os contratos, mesmo diante de proibições judiciais, indica uma relação de poder que extrapola os limites legais e institucionais.
A sociedade precisa saber quem de fato está mandando na Secretaria de Saúde. E o Ministério Público precisa agir com firmeza diante das tentativas da Justiz de usurpar o controle de contratos públicos através da pressão, da desinformação e da coação indireta.







Deixe um comentário