Por Saulo Medeiros
A viagem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli à final da Copa Libertadores, no Peru, em um jato particular que também transportava o advogado de um diretor do Banco Master, gerou forte repercussão política e institucional. O episódio levantou questionamentos sobre possível conflito de interesses e sobre o andamento das investigações envolvendo a instituição financeira.
Toffoli viajou para Lima para assistir à final da Libertadores. No mesmo voo, em um jato particular fretado por um empresário, estava Augusto de Arruda Botelho, advogado de Luiz Antônio Bull, diretor do Banco Master e um dos investigados no caso, que chegou a ser preso pela Polícia Federal. O banqueiro Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master, também é investigado no mesmo inquérito.
Poucos dias após a viagem, Toffoli — relator do inquérito que apura crimes financeiros envolvendo o Banco Master — determinou que todos os novos atos da investigação passassem à competência exclusiva do STF e impôs sigilo máximo ao processo.
A viagem foi classificada como “extremamente grave” pela organização Transparência Internacional, que apontou a existência de um potencial conflito de interesses.
Apesar das controvérsias, o ministro não se afastou do caso. Recentemente, Toffoli negou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e manteve a decisão de realizar uma acareação entre Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) e um diretor do Banco Central, com o objetivo de confrontar versões sobre a tentativa de venda do Banco Master ao BRB. A acareação foi marcada para o final de dezembro de 2025.
O episódio envolvendo Toffoli faz remeter a um caso anterior, relacionado ao ex-governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria.
No final de 2023, Dias Toffoli passou parte de suas férias em uma mansão à beira-mar na praia de Pirangi. O imóvel, localizado no condomínio de luxo Porto Brasil, pertence ao ex-ministro das Comunicações do governo Jair Bolsonaro, Fábio Faria.
À época, a temporada de férias do ministro do STF não foi bem recebida por outros integrantes da Corte. Em junho de 2022, Toffoli havia trancado uma ação contra o ex-governador Robinson Faria, que era investigado na Operação Anteros. A operação apurava desvios envolvendo a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte e o suposto crime de obstrução de Justiça, praticado pelo ex-governador ao tentar comprar o silêncio de uma testemunha.
Em sua decisão, Dias Toffoli alegou que a investigação deveria ser anulada por conter “vícios” na coleta de provas da Operação Dama de Espadas, que deu origem ao inquérito contra Robinson Faria.
Até hoje o caso de corrupção segue impune.






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