Conheça a História do Açude Gargalheiras: de esperança contra as secas a polo turístico

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O quadro Nossa História do Potiguar News conta um pouco sobre a construção da Barragem Marechal Eurico Gaspar Dutra, popularmente conhecido como Gargalheiras devido ao gargalo formado entre as serras do rio Pai Pedro, Minador e da Lagoa, por onde passa o rio Acauã.

Nesta semana, o personagem dessa história esteve em evidência. Após 13 anos, o Açude Gargalheiras atingiu sua lâmina de sangria. Um verdadeiro espetáculo das águas. Situado no município de Acari (ficando a 210 km da capital Natal) o Açude foi considerado Patrimônio Histórico do Rio Grande do Norte em 21 de janeiro de 2023.

Os primeiros estudos realizados em Acari sobre a potencialidade do município para a construção de açudes foram realizados, em 1908, pela Comissão de Açudes e Irrigação, órgão criado pelo Ministério da Viação e Obras Públicas. Após o decorrer de uma grande seca, integrantes da igreja católica e proprietários de terras influentes fizeram pedido junto aos governos municipal e estadual pela construção de um grande açude, no município de Acari.

Mas suas obras só iniciaram quase dez anos depois. As obras do Gargalheiras ficaram a cargo da empresa inglesa, Charles H. Walker & Co. Ltda, que iniciou a construção da barragem entre as serras do Abreu, da Carnaubinha, Olho d’água e Gargalheiras. Em 1922, as intervenções foram paralisadas devido a uma série de problemas, sendo retomadas em 1923.

As especulações sobre a descoberta de ouro fizeram paralisar às obras, por mais de três décadas.

Em 1955, durante a gestão do presidente Café Filho, ficou decidifo entregar as obras paradas no Nordeste ao exército. Em agosto do mesmo ano, chegava à Acari para assumir a construção, o 1° Agrupamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro.

Sob o comando do Major Ary de Pinho, os trabalhos foram intensificados, inicialmente com a destruição da antiga barragem feita em 1914 e depois na construção da nova barragem, bem como as obras de suporte. Após o retorno da construção, foram instaladas casas na vila operária, além de prédios comerciais, posto médico, telégrafo, estradas de rodagem e carroçáveis para transporte de materiais, além da capela de Nossa Senhora de Lourdes.

Entre o ano de 1958, e, mês após mês, os jornais potiguares, como O Poty e o Diário de Natal, noticiam em suas páginas o progresso incrível conseguido em apenas três anos de uma obra que se arrastava há meio século.

A finalização da barragem era tao esperada que, no dia 26 de outubro, houve uma solenidade de inauguração da última concretagem da parede.

Em novembro, o último bloco de concreto foi colocado, realizando um sonho antigo dos moradores de Acari.

O reservatório mais famoso da região do Seridó Potiguar tem capacidade total de 44.421.480,00 m³ e foi inaugurado oficialmente no dia 27 de abril de 1959 e até hoje existe uma comunidade remanescente da época da construção, quando foi erguida a vila para abrigar os trabalhadores. A estrutura da barragem, como a casa do engenheiro, por exemplo, é reconhecida na região como equipamento turístico.

Com a sangria do reservatório, o açude atrai inúmeros turistas, potencializando a cultura e a economia local.

CURIOSIDADES SOBRE O MUNICÍPIO DE ACARI

Segundo o IBGE, o território da cidade de Acari era habitado pelos índios cariris, que se deslocaram para a região em virtude das perseguições movidas pelos colonizadores da Paraíba, em fins do século XVII. Em 1737, o fundador do povoado onde está localizado o município, Sargento-mor Manuel Esteves de Andrade, obteve permissão do bispo de Olinda para erguer a capela, consagrada a Nossa Senhora da Guia.

O escritor José Augusto registra que o povoamento da região do Seridó começou no final do século XVIII, durante a “guerra dos Bárbaros”, culminando com o afastamento dos índios habitantes das margens do rio Açu. Assim, chegaram à localidade os primeiros desbravadores, vindos de Pernambuco e da Paraíba.

Segundo o historiador Câmara Cascudo, a origem do nome do município vem dos acaris, peixes de escamas ásperas e carne branca, cujo habitat era o “poço do Felipe”. O poço era suprido pelo rio Acauã, que o mantinha abastecido de água suficiente para a sobrevivência dos peixes.


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